XV Congresso de Cirurgia do CBCV e V Congresso Internacional do CBCV - Colégio Brasileiro de Cirurgia Veterinária

Dados do Trabalho


Título

PREVALÊNCIA E PERFIL DE RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS ISOLADAS NA ROTINA CLÍNICO CIRÚRGICA DE UM HOSPITAL VETERINÁRIO

Resumo para avaliação

A resistência bacteriana aos antimicrobianos (RAM) é atualmente uma das principais ameaças à Saúde Única, afetando inclusive pessoas e animais saudáveis fora de hospitais. Devido ao uso inapropriado de antimicrobianos e crescente contato entre espécies, tem-se observado o aumento da RAM em animais domésticos. Consequentemente, tornou-se comum que eles apresentem bactérias com resistência a antimicrobianos nunca usados. Este estudo retrospectivo visou caracterizar a prevalência e o perfil de resistência bacteriana em caninos, felinos e equinos atendidos pelo setor cirúrgico do Hospital Veterinário da Universidade Vila Velha entre 2018 e 2023. O estudo foi realizado com base nos laudos de cultura e antibiograma feitos pelo Laboratório de Microbiologia da universidade, a partir de amostras coletadas em atendimentos ou procedimentos cirúrgicos. Ademais, foram analisados os prontuários dos pacientes para obtenção de outros dados, como uso prévio de antimicrobianos. Foram analisadas 189 amostras de cães, 48 de gatos e 41 de equinos, havendo crescimento bacteriano em, respectivamente, 126 (66,8%), 23 (47,9%) e 30 (72,5%) delas. Entre as que houve crescimento, em cães, 103/126 (81,7%) apresentaram multirresistência, sendo as principais origens tegumentar (37/103 [35,9%]) e complicações pós-cirúrgicas (35/103 [34%]), e as principais bactérias Staphylococcus coagulase-positiva (25/103 [24,3%]) e Pseudomona aeruginosa (17/103 [16,5%]). Em gatos, 18/23 (78,3%) apresentaram multirresistência, tendo como principais origens tegumentar (8/18 [44,4%]) e sistema geniturinário (3/23 [16,7%]), e principais bactérias Staphylococcus coagulase-positiva e Escherichia coli (4/23 [22,2%] cada). Já nos equinos, 100% das amostras eram multirresistentes, as principais origens foram tegumentar (9/30 [30%]) e fluidos e secreções (8/30 [26,7%]) e as principais bactérias Escherichia coli (7/30 [23,3%]) e Staphylococcus coagulase-positiva (5/30 [16,7%]). Nas três espécies 100% dos multirresistentes tinham resistência a três ou mais classes. Quando foram testados carbapenêmicos 8 cães, 1 gato e 3 equinos apresentaram resistência a eles. Já a oxacilina não foi testada em equinos, mas quando testada em felinos não houve resistência e em caninos houve resistência em sete casos. A análise dos prontuários mostrou que, em 210 das amostras analisadas, o animal fazia uso empírico de antimicrobianos previamente a realização dos exames e, em 65% delas, a bactéria isolada era resistente a pelo menos 1 fármaco usado. Os resultados evidenciam a importância da cultura e antibiograma para auxiliar na implantação da antibioticoterapia. Assim como, da avaliação e monitoramento das medidas de controle de microrganismos aplicadas na unidade hospitalar.

Palavras Chave

Palavras-chave: resistência bacteriana; complicações cirúrgicas; antimicrobianos; multirresistência

Área

Cirurgia

Instituições

Universidade Vila Velha - Espírito Santo - Brasil

Autores

Luiza Helena Oliveira de Menezes Barros, Caroline Ribeiro de Andrade, Carolina Magri Ferraz, Fernada da Silva Liberato