XV Congresso de Cirurgia do CBCV e V Congresso Internacional do CBCV - Colégio Brasileiro de Cirurgia Veterinária

Dados do Trabalho


Título

COLECISTODUODENOSTOMIA EM CASO DE MUCOCELE BILIAR EM UM FELINO

Resumo para avaliação

A mucocele biliar é uma afecção frequente em cães, porém, pouco descrita em gatos. Caracteriza-se como um acúmulo excessivo de bile incipiente ou muco na parede da vesícula biliar (VB). A inflamação e a alteração do fluxo biliar resultam em icterícia, dor, êmese, náusea e, posteriormente, possível ruptura e extravasamento do conteúdo biliar para a cavidade, ocasionando peritonite. Um felino, macho, SRD, de 8 anos, apresentou-se com queixa de prostração, anorexia, êmese e icterícia. À ultrassonografia, constatou-se vesícula biliar com parede espessa (0,29cm) e com conteúdo anecogênico entremeado, além de dilatação dos ductos cístico e biliar. Foram coletadas amostras da bile para pesquisa de Platinossoma spp. (negativo), cultura e antibiograma (não houve crescimento bacteriano). Devido à característica anatômica da espécie, optou-se por realizar a colecistoduodenostomia, visto que, realizar a colecistectomia não evitaria complicações futuras, como obstrução total das vias biliares, em caso de nova inflamação. Realizada biópsia hepática e da vesícula biliar, sendo evidenciada no exame histopatológico, hepatite portal, linfocítica, neutrofílica multifocal e colecistite mural, neutrofílica e eosinofílica, respectivamente. Em literatura, há poucas descrições desta condição em gatos, sendo tratados com abordagem cirúrgica da técnica de colecistojejunostomia. Entretanto, neste paciente, optou-se por uma anastomose no duodeno pois, fisiologicamente, é o local de saída da bile e não houve tensão para a anastomose duodenal, além de ser a técnica de preferência da cirurgiã. O paciente permaneceu com marbofloxacina (4 mg/kg SID) e prednisolona (1 mg/kg SID) por cerca de 4 meses após o procedimento. Dentro de 1 mês, apresentou melhora clínica importante, com diminuição da icterícia e da inapetência. O felino foi diagnosticado com doença renal crônica estágio I desde o momento da admissão e, em cerca de 10 meses, apresentou agudização e foi eutanasiado. A colecistoduodenostomia se mostrou uma técnica cirúrgica efetiva para casos de mucocele biliar em felinos, os quais, devido sua anatomia particular, precisam ser manejados de forma diferente em relação aos cães, permitindo o desvio biliar para o intestino delgado, principalmente em obstruções crônicas do ducto biliar comum. Além disso, a abordagem adotada trouxe ao paciente aumento da expectativa de vida e não foi a causa do óbito. Como a mucocele biliar é uma alteração rara em gatos, não há um consenso da melhor conduta terapêutica, entretanto, o procedimento parece ser efetivo nesses casos e não foram observadas complicações durante a cirurgia ou no pós cirúrgico.

Palavras Chave

colecistoduodenostomia; desvio biliar; icterícia; gato

Área

Cirurgia

Instituições

Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP - São Paulo - Brasil

Autores

Caio Cavalcanti Balençuela, Lívia Menezes Fernandes, Archivaldo Reche Junior, Julia Maria Matera, Carla Aparecida Batista Lorigados, Bruna Maria Pereira Coelho, Ayne Murata Hayashi, Geni Cristina Fonseca Patricio