XV Congresso de Cirurgia do CBCV e V Congresso Internacional do CBCV - Colégio Brasileiro de Cirurgia Veterinária

Dados do Trabalho


Título

PENECTOMIA TOTAL E URETROSTOMIA EM UM FILHOTE DE GRAXAIM-DO-MATO (Cerdocyon tous): RELATO DE CASO

Resumo para avaliação

Os traumatismos envolvendo o pênis e prepúcio são observados na rotina clínica de pequenos animais, porém há poucos relatos em animais selvagens. O tratamento de eleição é cirúrgico e varia conforme a extensão da lesão e o grau de viabilidade e perda tecidual, sendo a técnica de penectomia total associada à uretrostomia recomendada para lesões extensas. O presente trabalho relata um caso de um filhote de graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), de 250 g de massa corporal, que foi encaminhado ao Preservas UFRGS por apresentar uma lesão em região prepucial decorrente de uma miiase. Após 25 dias de tratamento clínico e uma tentativa cirúrgica de reconstrução do prepúcio sem sucesso, o animal, que já apresentava 830 g, foi encaminhado para orquiectomia, penectomia total e uretrostomia pré-escrotal. Com o paciente anestesiado e em decúbito dorsal, foi realizada orquiectomia bilateral utilizando técnica aberta. Para uretrostomia, o lúmen uretral foi localizado após incisão de pele e tecido subcutâneo na linha média pré escrotal até extravazamento de urina, então foi possível a colocação de uma sonda uretral nº 4. A incisão foi ampliada e realizada a sutura da mucosa uretral com a pele por toda extensão da incisão em padrão isolado simples com fio mononylon 4-0, promovendo assim a criação de uma fístula urinária. A penectomia foi realizada após incisão elíptica ao redor do penis, dissecção da musculatura, ligadura dos vasos e ressecção do pênis. A dermorrafia foi realizada em padrão simples isolado, com o mesmo fio. A remoção dos pontos de pele foi realizada em 7 dias e da uretrostomia em 14 dias com adequada cicatrização. As principais indicações para penectomia com uretrostomia são traumas, priapismo, e neoplasias penianas ou prepuciais. No presente caso a cirurgia foi necessária devido à extensa lesão por miiase e perda do prepúcio, com consequente estrangulamento do pênis. As complicações pós operatórias mais frequentes em cães e gatos são hemorragia local, deiscência, obstrução do estoma, incontinência urinária e infecções do trato urinário, que não foram observadas neste caso. O paciente foi acompanhado durante seu crescimento por mais de 6 meses, manteve fluxo urinário e não apresentou estenose da uretra, o que demonstra que o orifício acompanhou seu crescimento. A técnica cirúrgica realizada neste caso se mostrou eficaz para a espécie, proporcionando adequada qualidade de vida ao paciente que foi encaminhado a um mantenedouro de fauna silvestre.

Palavras Chave

cachorro-do-mato; cirurgia; animais selvagens

Área

Animais silvestres e exóticos

Instituições

PRESERVAS/UFRGS - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Lívia Eichenberg Surita, Paola Antunes Rodrigues, Jacqueline Meyer, Ana Carolina Contri Natal, Geovana Kramer Fiala Stumm, Sabrini Beatriz Schefer, Cristiano Gomes, Marcelo Meller Alievi