Dados do Trabalho

Título

CISTECTOMIA PARCIAL PARA TRATAMENTO DE ONFALOURAQUITE ASCENDENTE E ABSCESSO DE ÁPICE DE VESÍCULA URINÁRIA EM BORREGA DORPER

Resumo para avaliação

As afecções umbilicais são um dos principais fatores que causam mortalidade em ovinos, sendo que as onfalites e onfaloflebites apresentam uma maior ocorrência. A infecção do úraco(onfalouraquite) com envolvimento da vesícula urinária é considerada rara em animais pecuários. Deste modo, objetiva-se relatar o tratamento cirúrgico bem-sucedido de um caso de onfalouraquite ascendente e abscesso de ápice de vesícula urinária em uma borrega Dorper. Uma borrega de 60 dias de idade foi encaminhada para atendimento hospitalar com histórico de apatia e alteração em micção. Apresentando ao exame físico taquicardia, taquipneia e febre. Durante a manipulação abdominal, foi evidenciado umbigo espessado e o animal apresentava polaciúria com liberação de urina com aspecto turvo e odor fétido. A ultrassonografia abdominal revelou úraco espessado com conteúdo hipoecogênico até a vesícula urinária. A hematologia revelou leucocitose por neutrofilia e hiperfibrinogenemia. A série vermelha mostrou severa anemia normocítica e normocrômica, justificada pela alta carga parasitária(Trichostrongyloidea, oocistos de eimeria e Moniezia sp.). O protocolo terapêutico incluiu a desverminação(levamisol: 10mg/kg), transfusão sanguínea, antibioticoterapia(ceftiofur: 5mg/kg, IM, SID, 7 dias), antiinflamatório(meloxicam: 0,5mg/kg, IV,SID, 5 dias) e analgésico(dipirona: 25mg/kg, IV,BID, 7 dias). Após 48h o hemograma foi repetido, e constatado o aumento da série vermelha. A celiotomia exploratória consistiu de uma incisão elíptica umbilical com posterior divulsão e liberação do coto umbilical, que continha as veias e artérias involuidas, e úraco espessado, que seguia até a vesícula urinária. O ápice da bexiga apresentava consistência firme, sugerindo ser um abscesso. Para um melhor acesso a vesícula urinária, optou-se por uma incisão inguinal, com completa exposição da vesícula urinária. Assim foi possível delimitar a região contendo o abscesso, e realizar a exérese do úraco associada à cistectomia parcial. A síntese da vesícula urinária foi realizada com padrão Cushing-Cushing com fio poliglactina 910 nº 2-0. A incisão inguinal e da celiotomia foram fechadas de forma rotineira. No pós-operatório, intensificou-se a analgesia com cetamina(0,5mg/kg, IM, QID, 5 dias), e morfina(0,05mg/kg, IM, SID, 3 dias). A borrega apresentou boa evolução. A realização da técnica de cistectomia parcial é empregada rotineiramente na clínica cirúrgica de animais de companhia. Entretanto, é raramente utilizada em animais pecuários, e sem relatos na espécie ovina. A técnica descrita foi bem-sucedida para o manejo deste paciente, sendo uma abordagem eficiente para o tratamento de onfalouraquite ascendente e abscesso de ápice de vesícula urinária em ovinos.

Palavras Chave

Abscesso; bexiga; cirurgia abdominal; uraquite; ovinos