XV Congresso de Cirurgia do CBCV e V Congresso Internacional do CBCV - Colégio Brasileiro de Cirurgia Veterinária

Dados do Trabalho


Título

HÉRNIA INGUINAL ESTRANGULADA ASSOCIADA A EVISCERAÇÃO EM CÃO PÓS ORQUIECTOMIA

Resumo para avaliação

O encarceramento de alças intestinais no anel inguinal após orquiectomia, não é uma complicação comum na casuística hospitalar, caracterizado pelo deslocamento da porção final do jejuno ou do íleo através do canal inguinal. É observado com maior frequência em garanhões após monta natural ou congenitamente em potros, no entanto, rara em cães. Nas hérnias irredutíveis, a terapêutica é cirúrgica e emergencial e o prognóstico reservado devido às lesões estrangulantes nas alças intestinais. O objetivo deste trabalho foi relatar um caso de encarceramento intestinal no anel inguinal associado à evisceração e necrose, após orquiectomia eletiva. Foi atendido em caráter de urgência canino, macho, jovem, castrado há 2 dias, com segmento intestinal eviscerado. O paciente apresentava abertura da ferida cirúrgica com exposição das alças intestinais de aspecto desvitalizado e coloração escura. Ao exame físico, intensa abdominalgia, pressão arterial 180mmHg e temperatura 35,7ºC, foram notadas. Foi realizada celiotomia mediana retroumbilical até o púbis. Visualizado em região de canal inguinal ponto de estrangulamento de raiz mesentérica. O conteúdo herniado estava irredutível, sendo necessário ampliar o canal inguinal. Nesta hora, localizado ponto de estrangulamento provocado pelo envolvimento do mesentério pela túnica vaginal. Secção da túnica foi realizada, com posterior redução do conteúdo herniado para o abdômen. Houve comprometimento vascular de boa parte do jejuno e íleo sendo necessário a aplicação da enterectomia e enteroanastomose. Procedeu-se à ligadura de vasos do mesentério, assim como da artéria ileal antimesentérica, com fio polidioxanona 3-0, posicionamento de pinças doyen e posterior ressecção do segmento. Enterorrafia com fio polidioxanona 4-0 em padrão simples separado, teste de extravasamento negativo. Restabelecido peristaltismo e coloração adequada. Realizado rafia de ambas túnicas vaginais. Herniorrafia inguinal com fio polidioxanona 2-0 em padrão sultan. Miorrafia com fio polidioxanona 2-0 em padrão simples contínuo, síntese de tecido subcutâneo com fio polidioxanona 3-0 padrão colchoeiro modificado, e dermorrafia com fio nylon 4-0 padrão simples interrompido. O paciente foi mantido em internação semi-intensiva, com parâmetros estáveis apesar da extensão da cirurgia. Após 8 horas apresentou hipotensão não responsiva à prova de carga e vasopressores, evoluindo ao óbito. Complicações são comuns nesta enfermidade, devido principalmente à necrose com possibilidade de absorção de endotoxinas pelo intestino, propiciando a migração de bactérias para a corrente sanguínea, com ativação e liberação de mediadores pró-inflamatórios, podendo levar a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS).

Palavras Chave

herniorrafia; necrose intestinal; castração; cães

Área

Cirurgia

Autores

Camilla Soares Lopes, Bruna Scalzilli Luzes, André Luís Soares Santos, Tatiane Monteiro Jesus, Daniela Fantini Vale