Dados do Trabalho

Título

INTUSSUSCEPÇÃO UTERINA PROLAPSADA EM CADELA EM ESTRO: RELATO DE CASO

Resumo para avaliação

A intussuscepção é caracterizada pela invaginação de um segmento (intussuscepto) para o interior da porção distal (intussuscepiente) em órgãos ocos e a ocorrência é comum em intestinos. A intussuscepção uterina é uma condição pouco relatada em cadelas e está relacionada principalmente ao puerpério imediato, ainda que em partos eutócicos, embora possa ocorrer também em outros períodos em que os níveis de estrógeno estejam elevados, como no final do proestro e no estro. Uma cadela, sem raça definida, com idade estimada de quatro anos e pesando 13,8 quilogramas foi atendida sob queixa de aumento de volume exteriorizado através da vulva e sangramento local. À parte disso, a paciente não apresentava outras alterações no exame físico. Na anamnese, não havia histórico de parto e o animal havia manifestado comportamento de cio duas semanas antes do atendimento, sem secreção vaginal atípica. Os exames séricos e a ultrassonografia abdominal não apresentaram alterações. A citologia vaginal foi solicitada para determinar a fase do ciclo estral e descartar doença neoplásica. Foi instituído tratamento analgésico, além de limpeza local, compressas geladas e uso de colar protetor, uma vez que não foi possível a redução manual. Após quatro dias, o tutor compareceu para retorno com o resultado da citologia, compatível com estro. Diante da suspeita de prolapso vaginal, inicialmente foi proposto tratamento com progesterona para interrupção do cio; entretanto, após nova avaliação da paciente, com áreas desvitalizadas, sangramento constante do prolapso e deterioração do quadro geral, foi recomendado procedimento cirúrgico, planejado como ovariohisterectomia associada à colpoplastia. Com a paciente em decúbito dorsal, foi realizado acesso por celiotomia retroumbilical e iniciada a ovariohisterectomia. Durante o procedimento, ovários e cornos uterinos estavam tópicos, porém com resistência à exposição. Na inspeção do corpo uterino, foi constatada intussuscepção desse para a região cervical. Perante o insucesso nas tentativas de redução manual, mesmo com assistência de um auxiliar externo, foi realizada histerotomia na cérvix para possibilitar o reposicionamento do intussuscepto. Em seguida, o corpo uterino foi transfixado caudal à cérvix, seccionado e, posteriormente, omentalizado. Por fim, procedeu-se à celiorrafia convencional. A correção foi possível exclusivamente por celiotomia, dispensando a colpoplastia a princípio planejada. No retorno para retirada de pontos, a cadela não apresentava alterações no exame clínico. Conclui-se que a especificidade dos exames complementares para a afecção no presente relato foi baixa, tornando o diagnóstico desafiador e definitivo apenas pela celiotomia exploratória.

Palavras Chave

Reprodução animal; cães; Invaginação; Ovariohisterectomia