Dados do Trabalho
Título
SHUNT PORTOSSISTÊMICO EM FELINO
Resumo para avaliação
O shunt portossistêmico é uma anomalia vascular que permite a passagem de sangue da circulação portal diretamente para a sistêmica, de forma que as substâncias que normalmente seriam metabolizadas pelo fígado vão direto para a circulação sistêmica. O sangue pode conter altos níveis de compostos tóxicos provenientes especialmente dos intestinos, o que pode gerar manifestações clínicas neurológicas, gastrintestinais e/ou urológicas. Pode ser congênito ou adquirido, único ou múltiplo, além de intra ou extra-hepático. A anomalia é mais comum em cães e incomum em gatos, ocorrendo a uma taxa de 2,5/10.000 gatos com doenças hepáticas. Diante disso e dos poucos relatos em literatura, o objetivo é contribuir para o estudo dessa condição. O presente trabalho relata um felino, sem raça definida, 4 anos, fêmea com histórico de crises epilépticas, episódios de sialorreia, náusea, taquipneia, ataxia, cegueira transitória e adipsia. Não houve alterações importantes em hemograma e bioquímica sérica, exceto por aumento de ácidos biliares. Na tomografia computadorizada foi encontrada estrutura vascular anômala em porção dorsomediana do abdômen cranial, compatível com o diagnóstico de shunt extra-hepático porto-caval e na ressonância magnética de encéfalo foram encontradas pequenas lesões simétricas bilaterais em ponte e cerebelo. Após estabilização do quadro com dieta específica e lactulose, a paciente foi encaminhada para o tratamento cirúrgico. A intervenção cirúrgica foi realizada através de acesso em linha média, pré-retro umbilical, de forma a acessar a porção epigástrica abdominal. Após foi feita a identificação da veia porta, veia cava caudal e do shunt porto-cava. O vaso anômalo foi isolado via dissecção com pinça Mixter e nele foi colocado anel ameroide de 5mm, próximo da região de inserção do shunt na veia cava. Amostras hepáticas foram coletadas com pinça Love para avaliação histopatológica. Realizada celiorrafia clássica. A paciente ficou internada no pós-operatório por 48h, apresentou resolução total das manifestações clínicas e segue em acompanhamento até o fechamento do anel ameroide. O shunt portossistêmico envolve conjunto complexo de sinais clínicos não patognomônicos, resultando em alterações em diversos sistemas do organismo. Exames de diagnóstico por imagem são cruciais para determinar sua origem ao planejamento cirúrgico. A correção cirúrgica é o tratamento definitivo, e o método padrão ouro é colocação do anel ameroide para oclusão gradual total. Tratamento clínico é importante para estabilização do animal no pré e pós-operatório.
Palavras Chave
shunt polissistêmico; Anomalia vascular; anel ameroide
Área
Cirurgia
Instituições
Anclivepa SP - São Paulo - Brasil
Autores
Yasmin Misleh de Matos, Giovanna Barbulho Campano, Ricardo Martins de Azevedo Castro Gugliemi, Daniel Herreira Jarrouge, Cauê Pereira Toscano, Fabio Alves Teixeira